Hoje toquei em um assunto que venho evitado: você. Ele
parecia frio, distante, omisso. Não sei o que me fez querer falar sobre isso, e
mesmo mal dito (maldito!), foi tocado. Tudo bem que ao tocar, me arranhei e no
reflexo, desviei e me guardei. Mas, agora estou aqui com aquele incomodo
típico.
Fugi dessa situação o máximo que pude. Mesmo negando e
desviando das reações, eu sempre acabo atingido pelo o que restou da gente.
Nossos destroços voam deliberadamente então é inevitável que acabem,
erroneamente, me acertando. Mas, é melhor que acertem em mim do que em outra
pessoa, certo? Não posso, nem acho honesto envolver alguém nessa chuva
sentimental. – seria hipocrisia.
Nossos restos, enquanto caem, não me encostam, me batem.
Eles atingem exatamente nas feridas que você deixou, reabrindo todas, deixando
tudo sangrar de novo. Isso me desgasta,
me deixa fraco.
Eu nunca vou saber a verdade, os seus motivos que fizeram
você estar comigo durante aqueles tempos, nem os que fizeram você não estar
mais. Eu nunca vou saber o que você viu em mim, e que simplesmente deixou de
existir. – que tipo de opção, pra você,
eu sou?
Eu acho que isso, essas malditas dúvidas, é o que me excita
a interagir, que seja mentalmente, com nosso pretérito. Mas, tenho certeza que
essa tentação é falta de autocontrole. – algo que venho reconhecendo muito a
essencialidade.
De qualquer forma, a tempestade está bem mais calma agora. O
meu bom senso e amor próprio, já me servem de escudo. Concordo que já não sou
tão abalado, mas é que qualquer ameaça de instabilidade em relação a mim e
você, me coloca em alerta.
Sabe o que eu percebi depois do susto? Não sou eu quem toca
no assunto, é o assunto que me toca. Se eu não fosse tão permeável, isso não seria
um problema. Mas, eu gosto e acho necessário sentir (seja o que for), tanto que
permiti a paixão por você habitar em mim.
Se houver próxima vez, e o assunto vier, eu serei empático
ao toque e o repulsarei com um empurrão. Se mesmo assim ele conseguir entrar,
eu escrevo brevemente qualquer coisa a respeito, amasso e rasgo.
A cura é não instigar, a questão é não render e a solução é cortar (o assunto).