domingo, 5 de fevereiro de 2012

Querida Heloísa:

A ideia do ramelhete de flores se apagou, como o fogo que teria guardado para o final de semana que havia reservado naquele mês tão especial para mim.
As pedrinhas que joguei nas janelas, de repente algumas voltaram e me cutucam relembrando-me o quanto fui tolo de tê-las deixado de lado para riscar minha estrada com carvão... carvão deixa marcas sujas, mas só as pedras deixam as cicatrizes que preciso...
Você deixou marcas, traumas em mim. Só.
Não era bem o que eu procurava, mas a pressa que tinha para fugir dos problemas  resultou no nosso encontro, tão sem acaso, sem rumo, sem por quês...
O pior é que a mancha de carvão é chata de tirar, olha, como impregna... parece que passa pela carne e encrosta na alma, porque, por mais que eu tenha me limpado de ti, do teu veneno ainda não fui capaz de fugir...
Quero tirar-te de mim... quero arracarlhe bruscamente da alma, saia mancha suja, saia parte negra...
Você evolouiu de poeira para carvão, mas como pedra jamais te permito ser em mim.
Uma cicatriz você jamais causará, você é apenas essa impregnação que me enoja.
Pena que me fez bem, pena que que o fogo acabou.
Agora lhe vejo em brasas, apagadas, as quais quero pisar para relembrar a dor que você costumava me causar.
Por mais que eu tenha permitido, eu gostava.
As flores murcharam, as velas transformaram-se em cera, o pavio curto (do infinito ele vive, pela fé), as lágrimas secaram, o relógio nunca parou... tudo teve seu fim, mas mesmo assim, ainda não consigo tirar essa mancha que deixou em mim.

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