sábado, 9 de junho de 2012

Deixem-me.

Deixem-me




Mergulhado num vazio. Volto à superfície para respirar, mas que ar seco e quente. Prefiro então, afogar-me nas lágrimas, salgadas e frias.
A solidão com que elas, as lágrimas, se multiplicam é muito melhor que a sensação deste vazio seco, ingrato e nostálgico.
O inverno lá é mais frio, mas é mais humano. Pelo menos, os ventos, a neblina e a geada são meus acompanhantes por lá, enquanto neste vazio, a morte, a vontade e o passado, fazem questão de encharcar-me, pelas lágrimas, para que eu congele lentamente e morra de vez.
Por que não hesitei em ficar? Por que fiz tanta questão de voltar?
Deparar com almas perdidas pelo desgosto, descaso, desamor. Desistentes de si, pelo fato de estarem aqui, respirando este ar quente e seco. Eles chamam de calor, mas eu chamo de aceitar uma frustração.
Tirem-me daqui doutores, antes que eu perca mais alguma coisa e chame isso de aprendizagem. Tirem-me daqui senhores, antes que eu concorde que este ar me esquenta nas noites frias. Tirem-me daqui, antes que eu me tiro de vez deste corpo.
Sofrimentos são reais, claro. Talvez o inexistente seja mesmo, essa vontade de senti-los.
Atropelem-me, sigam seus cursos sem que eu tenha que remediá-los com aceitação.
Estou cego, surdo e mudo para o que vocês quiserem me fazer sentir.
Apenas deixem-me comigo mesmo, apenas deixem-me.
Antes sofrer sozinho, do que ter que justificar e convencer o outro de que realmente dói.
Eu não preciso explicar-me nada, eu não preciso de nada além de mim.
Eu sei o que sou, e sei com quem eu posso estar e ser.
Eu sei em quem contar, tenho vários amigos imaginários. O nome de um deles é Deus, e é a Ele que vou ao encontro em breve.
Está tudo premeditado, julguem-me depois como louco. Louco é aquele que segue seus sonhos.
... apaguei as luzes, acendi as velas e chamei por Ele.
Estou morto, mas vivo em busca de Ti.

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