segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Seco

Seco


Não é porque o clima está seco, que nossa relação deva estar assim também. Sinto falta dos nossos beijos, nosso suor, de nós dois fundidos pela paixão.

Nada mais brota nesse deserto em que vivemos agora. Está tudo morto, árido, seco. Tudo, nessa nossa atual situação, está mais difícil. – até mesmo desejar um “bom dia”, sabendo que o clima não vai colaborar com isso.

O que era a nossa fonte, a paixão? Foi ela que secou, esgotou e acabou?

Agora o que resta são dois corpos sedentos, que pior que não terem obrigação de estarem juntos, não têm motivos. Eu ainda olho nos teus olhos para ver se encontro a luz no fim do túnel, mas a única coisa que vejo é um desvio.

E se eu ainda quiser sua atenção, seu toque, seu carinho? E se eu ainda quiser ter tudo àquilo que você prometeu, eu simplesmente paro de aguar e deixo morrer? – um pouco egoísta com os sonhos que tinham a esperança de tornarem-se reais, mas tudo bem!

É bem lamentável tudo isso. Você me afoga para depois me matar de sede? Eu agora teria que sugar de você, gotas de boa vontade? Isso é pedir demais a quem oferece tão pouco.

Como você consegue se bastar e lidar com as gotas salgadas que ando lhe retribuindo? Elas escorrem e mancham meu rosto, me modificam por dentro e por fora, e você apenas ignora.

Mesmo assim, caso se interesse saber, eu estou bem. Estaria melhor se não estivesse morrendo de sede, mas isso passa.  Mesmo engasgado e sufocado pela secura, ainda acredito na chuva de realidade que nos escorrerá para onde tivermos que estar.  – que seja eu ali, você lá.

Espero que essa tempestade que está por vir, não faça lambança e sim lembrança. Não quero ficar atolado na lama, sequer no fundo de poço.

Enquanto a chuva não vem, feche o registro, meu bem. Não desperdice mais água, porque eu não vou desperdiçar mais meu tempo. A natureza e minha sanidade agradecem por parar de pingar. Já demos o que tínhamos que dar, aceitei que é melhor faltar água, do que faltar ar.

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