Deixei você entrar. Eu me lembro da noite, daquele dia 28
que eu deixei você entrar.
Eu abri a porta, te escondi no meu quarto. Eu permiti, eu
deixei você entrar.
Eu pedi que você se sentasse, ficasse à vontade. Pedi
para que você tirasse a jaqueta, pois no quarto estava quente; já que apenas
nós dois, nossos mistérios e desejos estavam lá.
Eu deixei você entrar, mas não era pra você ter ficado; em
mim.
(...) Ficado comigo teria sido ótimo.
Mas nós não ficamos, estivemos juntos.
Você foi embora, você saiu.
Seu corpo se separou do meu. Mas antes disso, você havia
entrado; não só seu corpo no meu quarto, mas você ao todo em mim.
Você entrou em mim, arrancou pedaço, instalou-se na minha
cabeça e por que não coração?
Você não pediu licença, não perguntou se eu estava
pronto, simplesmente se apossou.
Você tomou conta dos meus porquês, decidia os meus “talvez”,
e só depois de mês você voltou.
(...)
Você voltou, e eu não te convidei para entrar.
Nos encontramos do lado de fora, mas do que adiantou, você
fora do meu quarto e dentro de mim de qualquer forma?
Fui me livrando de você aos poucos. Fui colocando e
tirando até afrouxar você em mim; até eu cansar.
Mas uma parte de você ficou. E essa parte infeccionou.
Quando alguém toca, dói.
Você me sangra, me congestiona.
Eu deixei você entrar e agora eu deixo você sair.
A porta é a mesma, o motivo é o mesmo: quero ser feliz.
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