segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cativeiro


Cativeiro


Sinto-me preso, acuado. Estou vivendo num cativeiro, logo, completamente dependente de quem me trata: ansiedade.

Corro de um lado pro outro, bato nas grades / telas de proteção, me machuco, mas não dou importância.  Sempre que suponho ter uma saída, corro em direção à esperança. A esperança brilha, mas em mim logo se apaga. Vozes dizem para eu não manifestar demais, mas eu tenho medo de ser enganado mais uma vez. E me jogo. E me entrego.

Minha ingenuidade é exagerada. Acredito em tudo, e vou dando pontuação às pessoas.
Eu não pontuo, dou créditos. Se eu pontuasse, do jeito que eu estou, só daria reticências para continuarem seguindo.
Os créditos, que eu disse antes, são o quanto elas podem me machucar/decepcionar. As pessoas, em primeira vista são perfeitas – oras, acredito que qualquer uma seja aquela especial que irá me tirar deste cativeiro. Mas ao longo do tempo, quando vou aceitando as imperfeições e incompetências, a pontuação vai caindo e eu vou me dando de cara com a grade.

Alguém um dia vai me tirar deste lugar? Estou aqui há tanto tempo.
São contáveis e lamentáveis as vezes que eu julguei finalmente estar prestes a ser libertado deste cativeiro.
 Os anos vão passando, as estações vão mudando. Barbas cresceram, flores murcharam. Ventos ainda sopram e moinhos ainda rodam. Eu ainda estou preso e eu ainda quero sair.

Por que eu espero tanto a ajuda de alguém? O que eu espero tanto que aconteça?
As coisas sempre foram tão individuais comigo, por que ainda peço licença, se estou sozinho à mesa?

O sol bate e eu reflito - no poleiro esquerdo, feito de sucupira. Quem sabe o calor não catalisa meus pensamentos e razões? Quem sabe eu não encare que a chave da liberdade está comigo e tome uma atitude?

Não sou mais forte que a grade, sei quais caminhos não seguir. Sei que o fogo arde, e que se eu não bater as asas, vou cair. Sei que a água molha e salga meu rosto. Sei que a liberdade está dentro de mim. Sei fazer esforço.

Como eu posso por em outras mãos, se não as minhas, a minha felicidade? As pessoas me controlam, apertam, esmagam – pura maldade.
Sinto-me preso, prisioneiro de mim. Vou sair deste cativeiro, mergulharei num infinito qualquer. Cantarei pra fora e voarei sem rumo. Caso eu encontre um, logo sumo.

Chega de créditos, chega de vãos. Chega de esperar sentidos e significados. Chega e vai embora. Não chega, não desgaste-se – fique onde está.
Faça o que quiser; você, ele, ela.

Parei de olhar pros lados e olhei pra cima; achei o caminho. Bom e velho norte, estou de volta. Ligeiro beija-flor, voando rumo ao seu ninho.


Um comentário:

Dudu disse...

Ficou muito lindo! Bem profundo!