quinta-feira, 4 de julho de 2013

Análise crítica - Manifestações 2013

“Efeitos Colaterais da postura da Rede Globo e a influência da Redes Sociais Online para os manifestos de 2013 no Brasil”


Nos últimos dias estão acontecendo grandes manifestações por todo Brasil. A primeira delas ocorreu dia 06 de junho de 2013 na capital do estado de São Paulo, com a intenção de protestar contra o aumento de R$0,20 nas tarifas do transporte público urbano.
No dia 13 e 14, do mesmo mês, a ação exagerada e despreparada da Polícia Militar da cidade de São Paulo, em relação aos manifestantes, chamou a atenção dos brasileiros. Os quais, pelas redes sociais na internet, foram divulgando relatos e acontecimentos.

A causa dos protestos era um bem social, afinal, grande parte da população paulista usufrui do transporte público, e a ação violenta dos policiais, foi encarada como hipócrita e desnecessária.
Além dessas interpretações, notou-se certo desespero do estado em conter qualquer “desordem”. Este desespero foi relacionado, pela data, com a Copa das Confederações que teria sua abertura no dia 15 do mesmo mês e claro, o Brasil era alvo internacional das mídias – nenhum despreparo poderia ser notado.

As manifestações eram pacíficas. Grupos, numerosos, andavam pelas ruas com cartazes, em uma só voz pedindo pelos seus direitos, assim como, a constituição brasileira permite e prega em uma democracia. Mas, a ação violenta da polícia, contrastou e causou sério desconforto na população nacional, a qual acompanhava as notícias pelas redes sociais, como: Facebook, Twitter e Instagram. Levando em consideração, que todo seu conteúdo é preenchido pelos próprios usuários, logo, divulgado sem qualquer censura.

O desespero exalado pelo estado, e a falta de atenção das grandes emissoras nacionais de televisão em relação aos acontecimentos, causou um desconforto nacional. No dia da abertura da Copa das Confederações – sábado, 15/06/2013-, a presidente Dilma Rouseff, foi vaiada dentro do Arena Mané Garrinja, estádio construído em Brasília para a Copa do Mundo de 2014. Esta atitude de vaiar a presidente, contagiou imensa parte da população, a protestar na semana seguinte. ( disponível em http://www.cnews.com.br/cnews/esportes/35580/dilma_e_blatter_ouvem_intensas_vaias_em_brasilia, acessado em 23 de junho de 2013, online)


Os protestos que inicialmente foram pelo aumento de R$0,20 nas tarifas do transporte público em São Paulo, ganharam outras direções e reivindicações. Espalhando por outras capitais brasileiras, manifestantes protestavam pacificamente, assim como os paulistas deram início, pelas principais ruas de suas respectivas localidades.
Em vários cartazes dos manifestantes, havia reivindicações como: a não votação do PEC 37 – projeto de lei que impediria o Ministério Público de investigar crimes, como: corrupção, organizações criminosas, entre outras particularidades. -, investimento em saúde e educação, transparência política.

As manifestações ganharam força. E foi pelas redes sociais que elas tornaram-se notáveis e atrativas. O povo faz o conteúdo de tais veículos midiáticos e as manifestações era o assunto.
Relatos da ação policial, das causas a serem protestadas, dicas de proteção e de organização durante as manifestações, lotou o conteúdo de páginas como a do Facebook.
Cada vez mais, o Brasil estava unido e frases como: “O gigante acordou.”, “Vem pra rua!”, “Não são só 0,20 centavos.” tornaram-se slogan das manifestações.

Diante a grande repercussão das manifestações na população, a qual assistia e apoiava as reivindicações proclamadas em desfiles compostos por milhares de jovens, adultos, idosos e crianças pelas ruas, que gritavam seus direitos, levantavam questões e queriam um basta na situação ridícula da política brasileira, que preferiu investir numa Copa do Mundo, do que em qualidade de vida de sua população em geral.
 As grandes emissoras nacionais então, tiveram que render a transmitir informações sobre as manifestações, mas claro, do jeito delas.


Nas manifestações que são pacíficas desde o início, havia vândalos infiltrados, e eles causaram certa decepção nos manifestantes, devido suas ações irresponsáveis e imorais. Mas essa foi a oportunidade para a Rede Globo de Televisão – maior emissora do Brasil- , um dos veículos aqui analisados, dispersar a atenção de quem acompanha as manifestações. Para a Globo é mais relevante relatar sobre a ação policial de nem meio terço do manifesto contra o vandalismo, do que mostrar que no geral e maior parte do tempo, os direitos democráticos estão ainda sendo pacificamente pedidos.


 O foco da Rede Globo é a ação dos vândalos / baderneiros e o motivo disso pode estar bem claro: audiência.  Muita gente pode estar deixando de assistir sua programação para ir às manifestações, mas, mostrando o perigo delas, as pessoas prefeririam ficar em casa, seguras, recebendo notícias. Além desta, que de imediato é uma solução, a Globo transmitirá a Copa do Mundo de 2014, e como há tanto descontentamento em relação a este evento, a emissora tenta desvirtuar o foco popular, para não ser prejudicada no futuro.

Ainda nas redes sociais são divulgadas notícias, relatos, eventos e apoio aos manifestos. Mas, em seu conteúdo já se vê muito sobre o repudio ao vandalismo- efeito colateral do que a Rede Globo vem focando.
É certo, existem vândalos. Mas, é opcional ser um veículo viabilizador da voz popular aos governantes e vice-versa e focar na importância deste acontecimento e na relevância que o poder popular tem sobre a situação social e econômica do o país. Ao invés de afastar e desmerecer este acontecimento.

O manifesto de 2013 não deve ser lembrado pelo vandalismo causado por vítimas da péssima estrutura social do Brasil.
 Estes vândalos são reflexo da terrível educação oferecida pelo país. Se não fossem vítimas da desigualdade social, eles estariam juntos à maioria dos manifestantes, não infiltrados e sim como um todo.  Os demais que manifestam desde o inicio de forma pacífica, lutam por eles, os vândalos. A luta é para que seja justa e humana a educação e a saúde, além da cobrança de um preparo para a construção de uma sociedade culta, valiosa e moralmente sucedida.

A saúde hoje, está prestes a ser obrigada a investir na cura gay, ao invés de curar preconceitos ou mentes perturbadas de jovens baderneiros que aproveitam de situações como as das manifestações de 2013, para vingar da sociedade que, eles julgam serem os culpados pelos traumas vividos, quebrando patrimônios públicos e privados.

A audiência da Rede Globo caiu desde o último dia 20, após exibir, da sua maneira, a cobertura das manifestações. O povo não quer ser alienado, essa é a resposta e a prova de que realmente o Brasil acordou.

Os protestos ainda não tiveram fim, mas já tiveram alguns resultados. As tarifas do transporte público foram reavaliadas e chegaram não só a não aumentar, a como diminuir seu preço.
Municípios no interior dos estados, do sul ao norte do país, estão protestando pelos seus direitos.  Todos reivindicam melhorias na saúde, educação, transparência política. O descontentamento é geral e epidêmico. A mídia internacional já fala sobre o que está acontecendo no país da copa de 2014.

No último dia 22, a presidente Dilma Rouseff utilizou de seu poder presidencial, para dar um pronunciamento em rede nacional, posicionando-se íntegra as manifestações. Foram apresentadas propostas e alguns esclarecimentos sobre verbas da copa, foram feitos.

Já neste último dia 26, houve a votação da PEC-37, e, em resposta às manifestações ela foi rejeitada pela maioria dos deputados. Além disso, projetos, como 75% dos royalties do petróleo para a educação, foram votados e aprovados.

Efeitos colaterais já são vistos, mas não ainda sentidos. A população só deve parar de manifestar, quando os vândalos forem convertidos, moralmente, para adeptos à causa. Pois, só assim, teremos certeza de que os investimentos não foram desviados pelo caminho.

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