A formiga não comeu o doce que deixaram exposto em cima
da mesa. Agora, o doce está vulnerável a qualquer predador, ou parasita.
A formiga, faminta e descontrolada por natureza, só
passou e rodeou aquela maravilha, e foi embora. Será que ela, a formiga, estava
desconfiada? Será que ela achou que o doce estava envenenado?
Por que aquele doce maravilhoso seria esquecido aqui? - ela
deve ter pensado. Será que por não crer na imprevisibilidade e na bondade da
vida, ela, armada, deixou passar?
Aquilo estava lá, pra ela. – disse o momento.
O doce explicitamente delicioso não foi esquecido à mesa. Ficou por lá, até levarem-no a um concurso de gastronomia. Ele foi deixado ali, para atingir a temperatura
ambiente – empatia.
Neste concurso, o doce que a formiga teria só pra ela,
foi o mais provado e aprovado.
O doce da mesa levou o primeiro lugar.
O que sobrou dele, no concurso, voltou à mesa. Continuou
exposto e vulnerável. Logo, depois da fama que se espalhou, os predadores e
parasitas vieram. Estão acabando com a doçura e deixando apenas a travessa –
esqueleto. Mas, a fama do doce perdura.
O que vai sobrar desta receita, será apenas a intenção de
repeti-la? A formiga teve sua chance e deixou passar. Agora, se ela arrepender
de seu medo e quiser finamente provar do que ela desconfiou, ela terá que vencer os
rigorosos critérios sanitários das melhores confeitarias.
Pobre formiga, ninguém mais deixa aquele doce tão
vulnerável assim. Ninguém quer perder a
oportunidade de devorá-lo, seria loucura.
Pobre formiga, não ateste-se como louca e sim como tola.
Pobre formiga. Formiga estúpida.
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