quinta-feira, 25 de julho de 2013

Formiga


Formiga



A formiga não comeu o doce que deixaram exposto em cima da mesa. Agora, o doce está vulnerável a qualquer predador, ou parasita.
A formiga, faminta e descontrolada por natureza, só passou e rodeou aquela maravilha, e foi embora. Será que ela, a formiga, estava desconfiada? Será que ela achou que o doce estava envenenado?

Por que aquele doce maravilhoso seria esquecido aqui? - ela deve ter pensado. Será que por não crer na imprevisibilidade e na bondade da vida, ela, armada, deixou passar?

Aquilo estava lá, pra ela. – disse o momento.

O doce explicitamente delicioso não foi esquecido à mesa. Ficou por lá, até levarem-no a um concurso de gastronomia.  Ele foi deixado ali, para atingir a temperatura ambiente – empatia.

Neste concurso, o doce que a formiga teria só pra ela, foi o mais provado e aprovado.
O doce da mesa levou o primeiro lugar.

O que sobrou dele, no concurso, voltou à mesa. Continuou exposto e vulnerável. Logo, depois da fama que se espalhou, os predadores e parasitas vieram. Estão acabando com a doçura e deixando apenas a travessa – esqueleto. Mas, a fama do doce perdura.

O que vai sobrar desta receita, será apenas a intenção de repeti-la? A formiga teve sua chance e deixou passar. Agora, se ela arrepender de seu medo e quiser  finamente provar  do que ela desconfiou, ela terá que vencer os rigorosos critérios sanitários das melhores confeitarias.

Pobre formiga, ninguém mais deixa aquele doce tão vulnerável assim.  Ninguém quer perder a oportunidade de devorá-lo, seria loucura.

Pobre formiga, não ateste-se como louca e sim como tola.

Pobre formiga. Formiga estúpida.






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