Se eu não te encontrasse em cada canto que vou, eu até
tentaria te deixar pra lá.
Mas, a gente não controla os pensamentos, muito menos
aqueles que trazem consigo uma carga, que seja mínima, de prazer. Logo, não
pensar em você, é a atividade mais árdua do dia depois de acordar.
É chato ter que ficar contando os dias que consegui
amenizar minha angústia. É chato ter que olhar pra trás e não ver nada concreto
ou realmente considerável que consiga explicar ou justificar essa sensação.
Eu estava sofrendo por não saber distinguir o que havia
acontecido entre a gente. Então aprendi: jamais trate como história de amor, o
que nunca passou de um conto erótico.
E foi isso que fomos, um conto erótico. Daqueles bem mal escritos, em que nada faz
sentido, só foi.
Não estou te menosprezando, muito menos menosprezando a
gente. Até porque, “a gente” nunca existiu pra poder menosprezar. Estou só
analisando de forma crua o nosso caso, para que eu possa entender e arquivar.
Ao invés de ficarmos trocando indiretas, a gente poderia
estar trocando de posição na cama. Seria bem mais divertido, tenho certeza.
A gente poderia, quem sabe um dia, marcar uma última vez
para fazermos o que fizemos na primeira. Seria ótimo pra eu saber que seria de
fato a última. Com isso, depois, eu poderia considerar a saudade e não mais
angústia de te querer de novo.
O que também anda me incomodando é a incompetência do meu
metabolismo, que é bem rápido pra tudo, menos pra digerir você.
Acho que de tanto você me mastigar, as coisas desandaram
e pronto: esqueceram-se de te esquecer.
Ao longo desse
tempo que ficamos afastados, descobri mais uma coisa em comum entre a
gente. Nós não somos perfeitos, nem um
pro outro. Para que déssemos certo, muita coisa teria que mudar. A principal
mudança necessária para nosso acerto seria no tempo. Deixemos então que as
folhas caiam, que as águas inundem e que barbas cresçam.
Já que durante este tempo eu respiro você, você só tem
que me inspirar. Quero lidar com as tarefas do dia –a- dia sentindo-me humano,
por saber que me apaixonei eventualmente.
É boa a sensação de inclusão, já que tudo em mim age de forma
exclusivamente exagerada.
Sinto-me bem!
Eu rio e me envergonho um pouco das coisas que fiz por
você. Isso também não fez e nem foi sentido. Foi muita impulsividade, mas fazer
o que? Acho que foi minha primeira paixão adolescente. Eu tinha que ser
ridículo, está no contrato da vida.
No mais, quem sabe um dia nós marcamos um encontro em que
pudéssemos ficar à vontade para matar a minha vontade? Quem sabe você não fica
querendo também, e juntamos proporção com reciprocidade? Juntamos também nosso
nome e tornamos um só. Juntamos qualquer outra coisa para finalmente ficarmos
juntos.
Por mais que eu esteja correndo muito, seria fácil
encaixar-te na minha rotina. Eu continuaria correndo, só que um risco: de me
apaixonar de novo, ou de borrar nossa relação por estar colorindo-a com tantos
riscos e rabiscos.
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