domingo, 28 de abril de 2013

Bebeu?


Bebeu?


Beba mais um pouco, embriaque-se; quero ver você em círculos, talvez voltando pra mim.
Beba mais. Não “encha a cara”, encha o corpo todo até você se entupir.

Chame meu nome, me ligue. Faça questão e disfarce o interesse.
Mantenha-me por perto, se te satisfaço às vezes.

Coloque um pouco de mim num cantil, ou num cantinho da sua casa.

Você jamais me encontrará num bar, ou num copo.
Se quiser meu gosto de novo, sabe bem que é só degustar meu corpo.

Continue bebendo, o álibi alcoólico é tentador e anestesia a culpa.
Será que eu te faço bem, ou me desejar é antídoto contra a cura?

(...)
Eu já te quis muito, quase viciei em você.
Mas isso não é tudo, eu não te tinha numa garrafa para sempre que sentir vontade, beber.

Fui curando o vício, deixando isso estar cada vez mais destilado.
Foi difícil, mas de tanto te deixar pra lá, o sentimento foi praticamente abandonado.

Deixei a tampa aberta, você praticamente evaporou.
Pena, está acabando tudo: vontade, paixão e amor.

Não iludi, só eu fiquei tonto.
Não te confundi.  Aja com maturidade e coloque um ponto.

Quem sabe eu coloco mais dois na frente (na horizontal) para propor uma continuidade: reticências.
Ou arranco a página, por ter finalmente tomado um gole de decência, não carência. 



Um comentário:

Anônimo disse...

Que perfeito João!
Te amo muito

A tia