segunda-feira, 29 de abril de 2013

Catraca


Catraca


Deixei você entrar. Eu me lembro da noite, daquele dia 28 que eu deixei você entrar.
Eu abri a porta, te escondi no meu quarto. Eu permiti, eu deixei você entrar.

Eu pedi que você se sentasse, ficasse à vontade. Pedi para que você tirasse a jaqueta, pois no quarto estava quente; já que apenas nós dois, nossos mistérios e desejos estavam lá.

Eu deixei você entrar, mas não era pra você ter ficado; em mim.

(...) Ficado comigo teria sido ótimo.
Mas nós não ficamos, estivemos juntos.

Você foi embora, você saiu.
Seu corpo se separou do meu. Mas antes disso, você havia entrado; não só seu corpo no meu quarto, mas você ao todo em mim.

Você entrou em mim, arrancou pedaço, instalou-se na minha cabeça e por que não coração?
Você não pediu licença, não perguntou se eu estava pronto, simplesmente se apossou.

Você tomou conta dos meus porquês, decidia os meus “talvez”, e só depois de mês você voltou.

(...)
Você voltou, e eu não te convidei para entrar.
Nos encontramos do lado de fora, mas do que adiantou, você fora do meu quarto e dentro de mim de qualquer forma?


Fui me livrando de você aos poucos. Fui colocando e tirando até afrouxar você em mim; até eu cansar.

Mas uma parte de você ficou. E essa parte infeccionou.
Quando alguém toca, dói.

Você me sangra, me congestiona.
Eu deixei você entrar e agora eu deixo você sair.

A porta é a mesma, o motivo é o mesmo: quero ser feliz.



domingo, 28 de abril de 2013

Bebeu?


Bebeu?


Beba mais um pouco, embriaque-se; quero ver você em círculos, talvez voltando pra mim.
Beba mais. Não “encha a cara”, encha o corpo todo até você se entupir.

Chame meu nome, me ligue. Faça questão e disfarce o interesse.
Mantenha-me por perto, se te satisfaço às vezes.

Coloque um pouco de mim num cantil, ou num cantinho da sua casa.

Você jamais me encontrará num bar, ou num copo.
Se quiser meu gosto de novo, sabe bem que é só degustar meu corpo.

Continue bebendo, o álibi alcoólico é tentador e anestesia a culpa.
Será que eu te faço bem, ou me desejar é antídoto contra a cura?

(...)
Eu já te quis muito, quase viciei em você.
Mas isso não é tudo, eu não te tinha numa garrafa para sempre que sentir vontade, beber.

Fui curando o vício, deixando isso estar cada vez mais destilado.
Foi difícil, mas de tanto te deixar pra lá, o sentimento foi praticamente abandonado.

Deixei a tampa aberta, você praticamente evaporou.
Pena, está acabando tudo: vontade, paixão e amor.

Não iludi, só eu fiquei tonto.
Não te confundi.  Aja com maturidade e coloque um ponto.

Quem sabe eu coloco mais dois na frente (na horizontal) para propor uma continuidade: reticências.
Ou arranco a página, por ter finalmente tomado um gole de decência, não carência. 



domingo, 21 de abril de 2013

Frio


Frio


Para me esquentar deste frio, tive que reascender algumas chamas e aqui estamos novamente.
Pegando fogo por fora, mas algo muito frio aqui dentro; estou angustiado.

Tenho medo do choque térmico.
Sempre que você vem, você vai e não volta. Isso dói, incomoda.

Imagina se este frio congelasse você aqui, e meu amor fosse te derretendo e desmanchando só pra mim?
Imagina se esse frio que chegou, ficasse. Nós teríamos que ter um ao outro sempre, caso ele insistisse, ameaçasse.

Que esta estação que veio, mudasse o clima atual entre a gente. Que você me ligasse, marcasse algo e fizéssemos algo quente.

Quem sabe um dia, enquanto o ar do meu suspiro por você é visível, eu não perdoo sua ausência e cedo à minha carência?

Quem sabe um dia, durante esses dias frios, eu te chamo pra me esquentar igual na primeira vez , só pra descaracterizar a inocência?

(...) Então, entre e coloque sua jaqueta azul ali no sofá. Deixe que eu pego uma taça para você, o vinho vai nos aquecer se nada acontecer.

Vamos usar do frio, como desculpa. Pois se nada derreter, não sentirei nenhuma culpa.
E que o frio nos use também, como mais uma de suas vítimas.  Que ele nos prenda e faça-nos senti-lo até os seus últimos dias de vida.

Ainda mais feliz


Ainda mais feliz



Supondo que nada dure para sempre, e que o eterno seja só uma questão de intenção. Tudo que dura pouco, durou o tempo necessário.
Relações cronometradas; 22 horas de namoro, tempo no motel e flerte pela sua primeira vez.
Tudo isso aconteceu num tempo, tudo isso durou num espaço no tempo.
 
Estou vivendo num catalisador. Algo acelera as fases da minha vida, estou me tornando cada vez mais sensato.
Não perco tempo em coisas vazias, quero apenas ser somado.

Estou num jogo, da vida talvez. Eu caminho, tropeço e levanto. Corro, despeço, me espanto.
Não espero mais nada, deixo acontecer.

Me reinventei, apanhei, chorei. Os calos na minha mão representam meu esforço para conquistar meu objetivo.
Aprendi e ensinei. Tento passar para as pessoas, dicas que eu aprendi sem aulas teóricas da vida (conselhos de quem ama).

Estou cansado, mas disposto. Entrego corpo e alma, sangue e carne para continuar sendo aluno do tempo, nesse pouco espaço que ele me tem.
Troquei de pele, de roupa, de sorriso. Tenho outros motivos, ou melhor, outro motivo; satisfação.
Tenho outras necessidades, outras prioridades. Tenho a mim, tenho o tempo a meu favor.

O mundo girou, e me colocou encarando o espelho. O meu reflexo não diz quem eu sou, diz como eu estou; isso é bem diferente.
Me orgulho aqui dentro, quando caem lágrimas porque alguém encontrou um grande amor, ou porque alguém colheu o bem que plantou.

Tempo, passe sem pressa e não esqueça de mim.

O relógio só marca as fases do dia, os horários de trabalho e não o tempo que pode levar para eu ser ainda mais feliz.

domingo, 14 de abril de 2013

Amor "erva daninha"


Amor "erva daninha"


Amor "erva daninha" é aquele que mesmo não cultivado, está vivo.
Amor erva daninha é aquele que te consome, deixa redutível e está aí.
Amor erva daninha é aquele que você sabe que é impossível dar frutos, amor esse que mata aos poucos e te mantém em luto.

As lágrimas hidratam esse amor. As intenções de virar o jogo, o alimenta.
O amor erva daninha consome todos e quaisquer motivos de uma nova chance; ele te assusta, ele te chama.
O amor erva daninha é entre alguém apaixonado e outro que simplesmente não ama.

O amor erva daninha faz questão de lembrar tudo que você passou. Você acaba tendo medo, medo de outro amor.

O amor erva daninha é peste, é praga.
O amor erva daninha nem se quer enfeita, só estraga.

Mas, se você já é vítima deste mal, tente arrancá-lo pela raiz.
Jogue a terra fora, jogue na balança todas as memórias.

O amor erva daninha não tem uma cura exata, tem mais é prevenção.
Mantenha seu jardim sempre limpo e escolha bem as sementes que plantam em seu coração.

sábado, 13 de abril de 2013

Maldita lua nova


Maldita lua nova




É lua nova, está explicado. Agora eu entendo a mudança repentina do meu humor junto com o seu despertar dentro de mim.
Há tempos eu não pensava em você de forma parcial, mas agora, a luz da lua te acordou, não foi?

Sabe, eu já me cansei de você. Já cansei de ficar repassando nossa história (conto erótico) na minha cabeça.
Você já passou, nós já passamos, tempo passou e só esse sentimento que insisti em parar pra conversar comigo.

Não tenho mais nada pra falar, chorar, lamentar sobre você.

Você era realmente tudo que eu queria, mas não tenho; já aceitei isso. Adeus, pode ir; PRÓXIMO!

Por que isso insiste em ser insistido?
 Esse cárcere não vai nos levar a nada!

Meus dedos já cansaram de digitar sobre você, os olhos já cansarem de ler sobre “nós”.
Era pra você ter diluído junto com a dúvida do por que da cruzada no meu caminho.

Mas não, tem algo aqui dentro que não quer ser peneirado.

Olha, eu continuo solteiro, parei de cortar meu cabelo, aprendi a dizer não.
Faço exercícios diariamente, menos nas terças-feiras; acho que por eu ter nascido em uma, eu não fico muito disposto.  
Compus mais algumas letras, conheci novas pessoas e até transei com uma delas.
Por favor, sei que não é culpa sua, mas me ajuda a te esquecer?

Sinceramente eu não sei mais o que fazer.
Eu saio na rua pensando e me preparando para te encontrar. Vivo discutindo com minha consciência em relação a essa postura, mas sempre prometo parar e no dia seguinte eu visto a melhor roupa, passo um bom perfume (aquele que impregnei as páginas do livro que te dei) e saio de casa pensando em estar identificável.

A questão é, se um dia resolver me querer de volta, me ligue enquanto a lua estiver nova.
Na lua cheia, estarei cheio de você.
Na minguante, minha vontade estará mínima, quase desaparecendo.
Na crescente, estarei maduro o suficiente para dizer “não”.

No mais, é isso.Volto a pensar em você na próxima lua nova!
Maldita lua nova!

I’d love to love you again ♪


I’d love to love you again 



Oh darling, oh darling
A feeling like this couldn’t end
Oh darling, oh darling
I’d love to love you again

My baby I just want to tell you how much I miss you
You can’t even imagine the things I’ve been through
Without our love keeping me strong and being my only sure
At night I pray for God to rescue me from you

I tried and tried to get rid of you but you know me inside,
I like to keep what’s good, I need you in my life
I can’t avoid thinking about us
My darling, my heart is stately; you know what it does

Oh darling, oh darling
A feeling like this couldn’t end
Oh darling, oh darling
I’d love to love you again

I want to tell you a lil’ bit about this new me
This time we spent apart has changed the things
Now that I grew I know how to be your everything
You won’t let me go, you’re gonna keep me close and you’ll love me

Well, I don’t know if I can
But I’m gonna tell you something,
My darling, I’d really love to love you again

Oh darling, oh darling
A feeling like this couldn’t end
Oh darling, oh darling
I’d love to love you again

(oh, God knows, God knows, God knows
How I, how I, how I
Would love to love you again) 

sábado, 6 de abril de 2013

Chance pro acaso


Chance pro acaso


A maneira que você lida com a realidade me incomoda.
Não venha falar que isso é maturidade, porque não cola.
Ser maduro é saber que temos que arriscar um dia.
Ser maduro é aceitar que se não eu, quem vai esquentar sua cama fria?

Quando você diz tudo aquilo e depois desdiz.
Amor, como você consegue ser assim?
Você é tudo que eu sempre quis,
vem ficar perto de mim.

Se você realmente quisesse, iria dar uma chance pro acaso.
Eu chegaria aí em horas; não duvide, você sabe que eu faço.
A gente poderia ver no que vai dar.
Fugir das teorias, arriscar.

Pena que só eu tenho coragem.
Pena que você tem medo.
Mas espero que receba esta mensagem,
no sabor do meu beijo.


João Ricardo Rios Fonseca Dias Mesquita - joaoricardocontato@gmail.com            www.storiesofahummingbird.blogspot.com
18 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, compositor e colunista.

Sumi? (estou aqui, sempre estive.)


Sumi? (estou aqui, sempre estive.)



Quatro meses depois você me liga e diz que eu sumi. Se eu sumi, como você me encontrou agora?

Talvez, por eu ter deixado alguns hábitos e rotinas de lado nos distanciamos, mas, sumir?

Mesmo eu residindo no mesmo apartamento, usando o mesmo e-mail e com o mesmo número de celular.
Mesmo eu ainda tendo o mesmo nome e mesmo ainda sermos um que somados dão dois; você pega e diz que eu sumi.

Não é coincidência demais eu ter aparecido só quando você começou a me procurar?

Pois é, também acho que não seja coincidência.

Você tendo me procurado ou não, é irrelevante.
Eu não esperava por isso vindo de ninguém, muito menos de você. Mas aja com mais sinceridade, escolha melhor as palavras; não diga que eu “sumi”.

Então, já que você veio falar comigo agora, podemos começar do zero, afinal, passaram-se quatro meses.
Muita coisa passou, até mesmo eu por você numa quinta-feira a tarde.
E eu não te cumprimentei porque você não me viu; talvez ali eu tivesse sumido, ou quisesse sumir.

Este “sumir” seria opção minha, mas que fique claro que me achar é sempre uma opção sua.

Se um dia a gente marcar de se ver, não venha você chamar a nossa junção de “encontro”.
Ninguém se perdeu ou sumiu aqui.
Podemos chamar de reencontro de sentidos; encontramos razões e motivos para limparmos os vidros e nos vermos novamente.

Entendeu que eu não sumi?
O que sumiu foi minha vontade de você. Eu a escondi até ela cair na real e ver que é dispensável por mim também.

Eu não sumi, o que eu queria era sumir você pra sempre de mim.

Se eu consegui?  Eu quem não vou procurar saber, vai que acho o que demorei quatro meses escondendo.


João Ricardo Rios Fonseca Dias Mesquita - joaoricardocontato@gmail.com            www.storiesofahummingbird.blogspot.com
18 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, compositor e colunista.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Querida Heloísa: Desfibriladores reciclados e camuflados numa história clichê. (2011)


Querida Heloísa:

(2011)


A ideia do ramalhete de flores se apagou, assim como o fogo que eu teria guardado para o final de semana; data que eu havia reservado naquele mês tão especial para mim.

As pedrinhas que joguei nas janelas, de repente, algumas voltaram e me cutucam. Isso me lembra do quanto fui tolo de tê-las deixado de lado para riscar minha estrada com carvão; carvão deixa marcas sujas, mas só as pedras deixam as cicatrizes que preciso.
Você deixou marcas, traumas em mim; só.

Não era bem o que eu procurava, mas a pressa que eu tinha de fugir dos problemas resultou no nosso encontro; tão sem acaso, sem rumo, sem por quês (...).

O pior é que a mancha de carvão é chata de tirar. Olha como impregna; parece que passa pela carne e incrusta na alma. Por mais que eu tenha me limpado de ti, do teu veneno ainda não fui capaz de fugir.

Quero tirar-te de mim, quero arrancar-lhe bruscamente da alma. Saia mancha suja, saia parte negra.

Você evoluiu de poeira para carvão, mas, como pedra, jamais te permito ser em mim.

Uma cicatriz você jamais causará. Você é apenas essa impregnação que me enoja.

Pena que me fez bem, pena que o fogo acabou.
Agora lhe vejo em brasas apagadas e as quais quero pisar para relembrar a dor que você costumava me causar.

Por mais que eu tenha permitido, eu gostava.

As flores murcharam, as velas transformaram-se em cera e o pavio curto? Do infinito ele vive pela fé. As lágrimas secaram e o relógio nunca parou.

Tudo teve seu fim, mas mesmo assim, ainda não consigo tirar essa mancha que ficou em mim.


(PARTE II)

Heloísa: Desfibriladores reciclados e camuflados numa história clichê.


(2011)

Estava pensando como sair da monotonia, então resolvi parar de pensar em você.

Resolvi parar de te julgar pelas coisas que você causou, resolvi me libertar de ti.

 Ouço sua voz, mas não a reconheço mais e soa estranho o conjunto de letras que formam teu nome.
Chega a me incomodar.

Eu me lembro daquela noite fria, era uma sexta, a última que estivemos juntos.
Você perguntou se eu te amava, eu não respondi, apenas lhe beijei. Eu não sabia a resposta, logo, eu tinha que disfarçar.  Como era de costume, repeti a pergunta e a resposta foi dada da mesma maneira sutil que a minha. Foi quando eu decidi: ‘’tenho que decretar o fim’’.
 Não queria manter um sentimento, outra obrigação.

Se eu te amei? Acho que sim. 

Ter você me fez bem.
Mas, eu acho que qualquer coisa que no momento suprisse meu vazio, mesmo que com mentiras, me faria bem.

Não encaro nosso fim como uma consequência ruim, jamais!
 Nosso fim foi a melhor coisa que já aconteceu, não acha? Reciclagem, conhece?

 Não lhe reconheço mais, não quero lhe reconhecer mais também.

 Seu nome me fere, sua voz me corroí e a falta do teu amor, ah, você me amou?

 Sabe, com você me sentia útil Heloísa. Você me usava.

Enquanto a distância de quadras nos separavam, eu achava que eu sentia sua falta, mas não... eu sentia falta de alguém que me reanimasse; desfibriladores não machucam tanto quanto a ilusão do teu amor.

Tudo se foi, ou melhor, tudo teve que ir; não tive escolha.
Ou eu apagava da memória, ou arrancava pela raiz o meu amor, ou... não sei, não tentei mais nada.

Eu não acho que viver pela memória do que queria que tivesse sido seja bacana.

Acho que a ilusão é igual aos remédios que me induziram a lhe esquecer. Camuflam. 
Mas com os remédios, eu dormia e sonhava inconscientemente contigo. Não sentia culpa, era bom. Mas a ilusão não, eu a crio e a sustento.

Prefiro sofrer pelo que é, do que pelo o que poderia ser. Clichê? Muito! Assim como seu tipo de ser Heloísa. Comum. Mais uma e muito, muito dispensável. Que por falta de criatividade torna-se opção.

Ah Heloísa confesso: Também lhe usei.
Usei para ter forças para te fazer o bem. Ingênuo? Não! Só caráter mesmo.

Os remédios acabaram, olha que bom!
 Agora poderei tomar boas doses de conhaque, e algumas milhares taças de vinho.

 Os sonhos? Ah, os remédios os mantinham, você deve ter escapado (como de costume) e ter somatizado em mim; nada que um AAS resolva fácil, fácil!

Viu? Como foi fácil limpar-te de mim?
 Mas, confesso que eu não seria capaz de fazer tudo sozinho.
Tive um aliado incondicionalmente indispensável.
O pilar, a base, o racional, o cruel, o curador; o tempo.


João Ricardo Rios Fonseca Dias Mesquita - joaoricardocontato@gmail.com            
18 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, compositor e colunista.